Vamos falar sobre a evolução da educação no Brasil?

Ao longo dos anos, vivenciamos uma verdadeira revolução e evolução na educação no Brasil: com o tempo, o país passou por diversas transformações em suas formas de ensino e aprendizado.

Com a inserção de novas práticas e ferramentas – de muitas formas, essas mudanças ocorreram em um processo dinâmico e multifacetado, repleto de avanços e retrocessos.

Se voltarmos algumas poucas décadas atrás, até o começo do século XXI, nos anos 2000, perceberemos uma abordagem mais tradicional. Com ensino generalizado e rígido, onde os alunos são figuras passivas que devem apenas absorver os conteúdos. Contudo, as últimas gerações testemunharam uma transição marcante.

É fato que a revolução digital alavancou as transformações da educação, não apenas impactando o cotidiano dos adultos. Mas também redefinindo a experiência da educação no Brasil para as crianças e jovens nascidos a partir dos anos 2000. 

O que antes era entendido como um processo unidirecional, com professores conduzindo o aprendizado de forma mais centrada e rígida. Cedeu espaço para uma dinâmica mais interativa, com alunos assumindo papéis ativos, em seu próprio desenvolvimento e aprendizagem. 

Quer saber mais sobre a evolução da educação no Brasil? A Khan Academy preparou este conteúdo para explorarmos os métodos de ensino, tecnologias adotadas e abordagens pedagógicas que ocorreram ao longo dos anos. Acompanhe a seguir!

Por que a evolução na educação acontece?

A evolução na educação no Brasil é um reflexo das constantes transformações  das realidades e necessidades sociais e inovações tecnológicas. Mudanças como a diversificação de perfis de estudantes e a busca por maior inclusão, por exemplo, demandam métodos de ensino mais flexíveis e personalizados. 

Da mesma forma, a evolução econômica e as demandas do mercado de trabalho também influenciam as diretrizes da educação. Exigindo uma abordagem mais orientada para o desenvolvimento de habilidades práticas, e a preparação dos estudantes para desafios contemporâneos.

A evolução da educação no Brasil

Mesa com uma pilha de livros e uma maçã no topo, ao lado existem alguns lápis coloridos e três blocos de madeiras
Vamos viajar pela história da educação no Brasil.

A história da educação no Brasil tem início em 1549, quando os primeiros jesuítas chegaram no Brasil, mais precisamente na Bahia, trazendo o ensino  focado na catequização. Nesse período, o acesso à educação era restrito aos meninos. 

Além disso, existia uma discriminação quanto à educação/catequização dos indígenas, devido ao contexto da colonização. Enquanto isso, filhos de colonos e proprietários de terras frequentavam escolas tradicionais, que contavam com estrutura adequada e maior investimento.

Por muito tempo, os jesuítas foram responsáveis pela educação da população local, filhos de colonos e fazendeiros, ensinando-os a ler, escrever e contar. Neste período, os jesuítas eram também responsáveis pela catequização dos indígenas. Porém, nem os indígenas e nem os escravos eram ensinados a ler e escrever.

Os jesuítas foram os principais encarregados da educação brasileira até a sua expulsão, no ano de 1759.

Outra grande mudança na educação no Brasil ocorreu no início do século XIX, com a chegada da Família Real portuguesa em Salvador. Foi nesse período que surgiram as primeiras instituições culturais e científicas, assim como os primeiros cursos técnicos de ensino superior na Bahia e no Rio de Janeiro. 

Contudo, mesmo com os investimentos após a chegada da Família Real, o acesso ao ensino continuava elitizado e inacessível para muitos.

A educação no Brasil voltaria a passar por mudanças após a Primeira Guerra Mundial, com a chegada dos imigrantes e o início da industrialização. 

Neste momento, surgiram novas pautas relacionadas ao ensino, mas que só se concretizaram a partir dos anos 60 com movimentos populares de mobilização sindical.

A partir de 1964…

Caminhando por mais alguns anos, chegamos em 1964, em que o Governo Militar suprimiu os primeiros movimentos para a popularização da educação no Brasil, estabelecendo os acordos MEC-Usaid

No governo militar, o Congresso Nacional estabeleceu a Lei de Diretrizes e Bases da educação, a LDB 5.692/71, que apresentou influências tanto positivas quanto negativas. Entre os avanços, podemos destacar a normatização e reorganização do sistema escolar.

Porém, as mudanças também demonstraram uma forte dependência dos interesses norte-americanos e fracassaram na proposta de um ensino profissionalizante.

Em 1971, o governo instituiu a obrigatoriedade de concluir o ensino primário em oito anos e introduziu os termos 1° e 2° grau na educação.

Com a redemocratização, em meados da década de 1980, o sistema escolar sofreu uma reorganização que levou a publicação de uma nova LDB, que o rege atualmente. 

Nesse mesmo período, foi promulgada a Constituição Brasileira de 1988, que, na educação, estabeleceu o Plano Nacional da Educação, com os seguintes objetivos:

      I – erradicação do analfabetismo;

      II – universalização do atendimento escolar;

      III – melhoria da qualidade do ensino;

      IV – formação para o trabalho;

      V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.

Em 1996, o governo adotou a denominação de Ensino Fundamental e Ensino Médio como parte da Educação Básica e integrou a Educação Infantil (Lei nº 9.394).

Ao longo do desenvolvimento da educação no Brasil, especialistas classificaram as diferentes abordagens em cinco denominações. A primeira, chamada educação 1.0, refere-se aos primeiros modelos aplicados no século XII. A mais recente, educação 5.0, está sendo implementada atualmente.

Vamos conferir mais sobre cada uma delas?

Da educação 1.0 até a educação 5.0

Uma menina está sentada em uma biblioteca, segura um livro em suas mãos enquanto deixa outros dois na mesa do lado oposto que está um notebook.
A educação está em constante evolução, pois deve estar alinhada às realidades e necessidades sociais e econômicas

Educação 1.0

Foi marcada por um modelo de ensino domiciliar, no qual professores, muitas vezes generalistas, iam às residências de alunos de famílias privilegiadas, em sua maioria.

Nesse período, o ensino era, de forma geral, restrito a grupos seletos, atendendo apenas homens, nobres e intelectuais, com os professores sendo os únicos detentores do conhecimento. 

Educação 2.0

Essa abordagem surgiu em paralelo à Segunda Revolução Industrial e manteve o foco centrado no professor, que desempenhava o principal papel de detentor de conhecimento no processo de ensino-aprendizagem. 

O modelo tinha como objetivo a transmissão do conhecimento instrucional, visando desenvolver habilidades mecânicas necessárias para a indústria da época.

Ainda presente em muitas instituições da atualidade, essa abordagem funciona através de ambientes presenciais em que todos os alunos precisam estar na sala simultaneamente, seguindo todos o mesmo ritmo de aprendizado.

Educação 3.0

Representa uma evolução em relação aos modelos anteriores, incorporando princípios de personalização, colaboração, uso de tecnologia avançada e foco renovado no desenvolvimento de habilidades essenciais para o século XXI.

Logo, o modelo busca estimular o desenvolvimento de competências como pensamento crítico, criatividade, colaboração e habilidades de resolução de problemas.

A educação 3.0 renega a ideia da simples memorização e repetição de informações, encorajando os alunos a buscarem e aplicarem significado ao conhecimento. Nesse modelo, o currículo não se baseia mais em disciplinas isoladas, mas é principalmente orientado para o uso prático do conhecimento no dia a dia.

Educação 4.0

É o modelo vigente na maioria das instituições brasileiras, onde elas se adaptam às tecnologias empregadas no mercado de trabalho e as inserem no cotidiano escolar. 

Portanto, os educadores ajustam os processos de aprendizado para abordar, além dos componentes curriculares gerais, tópicos como empreendedorismo, competências matemáticas, lógicas e conhecimentos digitais.

Apesar da educação 4.0 destacar a tecnologia no contexto educacional, sua abordagem é mais pontual, abrangendo temas técnicos como inteligência artificial (IA), robótica, internet das coisas e gamificação. 

Educação 5.0

Por fim, a abordagem mais recente é a educação 5.0, caracterizada pela harmonia entre novas tecnologias e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais,  que incluem comunicação, respeito à diversidade, gerenciamento de emoções, empatia, entre outras. 

Assim, são mantidas características como uso de metodologias ativas, protagonismo do estudante e integração de tecnologias educacionais, porém, sob uma nova ótica humanizada. 

A proposta da educação 5.0 é possibilitar que os alunos desenvolvam não apenas competências técnicas, mas a capacidade de lidar com desafios emocionais e sociais.

Para um entendimento mais aprofundado sobre a educação 5.0, seus benefícios e aplicação prática, recomendamos explorar o artigo completo disponível no blog da Khan Academy, “O que é educação 5.0?”.

Agora que falamos sobre a evolução da educação no Brasil, fica mais fácil compreender os objetivos e desafios do nosso país. Na busca por uma educação de qualidade, podemos analisar quais desafios precisam ser vencidos, incluindo investimentos estratégicos, formação e valorização de educadores, e inserção de recursos educacionais inovadores.

Com a missão de oferecer uma educação de alta qualidade gratuita para todos, em qualquer lugar, a Khan Academy representa uma ponte para a transformação positiva da educação no Brasil, pois estamos comprometidos com a construção de um futuro cada vez mais promissor a partir da educação.

Autoria

Texto revisado por Ana Lúcia Souto, Head of LATAM District Pedagogy e Manager of Brazilian Marketing na Khan Academy Brasil, formada pela Universidade de São Paulo – SP, com bacharelado em Física; mestrado, doutorado e pós-doc em Ciências e especialização em Neuropedagogia.