Modelos de ensino modernos e pós-modernos buscam focar no protagonismo estudantil durante o processo de ensino-aprendizagem. Essa metodologia educacional tem como finalidade fortalecer o engajamento dos estudantes e auxiliar as instituições e seus professores em sala de aula.
A inserção dos estudantes no centro do processo educativo pode torná-los mais interessados em temas gerais e componentes curriculares do ensino básico, como a matemática. Mesmo havendo muitos alunos que temem conteúdos de matemática e se frustram imaginando que não conseguirão aprender, a realidade é que todo ser humano é capaz de aprender novas teorias e práticas por meio dos estudos.
Com base no livro de Jo Boaler, “Mentalidades Matemáticas”, vamos discutir alguns dos aprendizados que podem ajudar na transformação das experiências dos estudantes com a matemática. A autora traz em sua obra maneiras de estimular significativamente o potencial por meio da matemática criativa e do ensino inovador.
Neste texto, abordaremos a relação entre o protagonismo estudantil, a aprendizagem para o domínio e as mentalidades matemáticas. Continue a leitura para compreender mais sobre essas temáticas e como aplicá-las no seu dia a dia em sala de aula.
O que é o protagonismo estudantil?
O protagonismo estudantil ocorre quando o estudante é colocado no centro do processo de aprendizagem. Ele tem mais autonomia e é corresponsável por seu próprio conhecimento, ao invés de ser colocado em uma posição passiva de receptor.
Trata-se, portanto, de uma abordagem em que os estudantes assumem uma posição mais ativa durante suas aprendizagens. Eles recebem uma maior independência para engajar em discussões e resolução de problemas.
Seguindo este caminho, eles também constroem um conhecimento mais prático ao interligar novos aprendizados com as situações do dia a dia, desenvolvendo habilidades socioemocionais também. Como o nome sugere, o estudante torna-se protagonista de seu próprio crescimento, buscando processos eficazes para adquirir conteúdos.
Uma das metodologias mais utilizadas recentemente é a aprendizagem para o domínio, em que, de maneira resumida, acredita-se que para o aluno avançar no seu conhecimento, primeiro ele deve dominar conteúdos “anteriores” (ou seja, saberes basilares que são pré-requisito para o desenvolvimento de habilidades mais complexas). Além disso, ela reforça a autonomia, oferecendo instruções e condições apropriadas.
Nas palavras do professor de matemática, Fabrício Eduardo Ferreira, o protagonismo estudantil é um “processo rico no qual os estudantes apresentam uma postura ativa na produção de seu conhecimento, ao mesmo tempo em que aprendem matemática, e desenvolvem competências importantes relacionadas à tomada de decisão e ação conjunta”.
O que são mentalidades matemáticas?

A mentalidade matemática é um conceito criado a partir de pesquisas e novas descobertas realizadas sobre a neurociência dentro da educação. Estudos concluíram que a crença de que há pessoas com aptidão nata para conteúdos de exatas não é verdadeiro – sendo assim, não existem cérebros mais propícios a compreender matemática e componentes curriculares similares.
Você se considera ou já conheceu alguém que diz “matemática é impossível para mim”? Então, todo mundo é capaz de aprender tudo, inclusive a fazer contas e lidar com números. E de acordo com a autora de “Mentalidades Matemáticas”, Jo Boaler, para que isso aconteça, só é necessário que os conteúdos sejam apresentados de maneiras adequadas e estimulantes.
O conceito geral leva como base pesquisas realizadas pela autora e psicóloga Carol Dweck sobre as mentalidades fixas e de crescimento, também citadas no livro de Boaler.
- Mentalidade fixa: pessoas que acreditam ser possível aprender novas coisas, mas a inteligência continua em seu mesmo nível básico de sempre.
- Mentalidade de crescimento: pessoas que acreditam que a inteligência aumenta com trabalho árduo, tanto para desenvolvimento, quanto para a capacidade humana.
O mesmo acontece durante o processo de aprendizagem de matemática. Algumas pessoas creem ser algo complexo e, a partir dessa mentalidade, a matemática pode parecer impossível ou muito mais difícil de aprender. Mas a mentalidade matemática, conforme comprovado por Jo Boaler, significa totalmente o oposto, que as rotas de aprendizagem podem ser redirecionadas.
Criando mentalidades matemáticas através do protagonismo estudantil
Para seguir uma linha de raciocínio que coloque o estudante no centro de seu processo de aprendizagem, existem algumas práticas que podem ser aplicadas por professores e responsáveis a fim de ajudar nessa transformação.
O papel do professor
O primeiro passo é compreender quais são os principais papéis dos educadores na formação de estudantes com uma mentalidade de crescimento e com maior liberdade. Durante o processo de ensino-aprendizagem, o professor entra mais como um facilitador e mediador de novos conhecimentos.
O trabalho precisa ser lado a lado, com a criação conjunta de novas ideias e conceitos. Além disso, ele precisa ser um bom ouvinte e empático para acompanhar de forma efetiva toda a metodologia de aprendizagem para o domínio, sem forçar estudantes a irem para o próximo tema somente para seguir um cronograma.
Vale lembrar que os professores e as instituições devem continuar oferecendo todo o suporte na compreensão dos conteúdos, uso das tecnologias e busca de informações. Assim como possuem a responsabilidade de trazer respostas para quaisquer anseios, mas também aumentando a qualidade de questionamentos.
Aplique a matemática na rotina do aluno
Quando crianças e adolescentes aprendem algo, torna-se mais fácil guardar uma informação se ela faz parte do dia a dia. A professora de matemática Edna Mendes de Carvalho dá algumas dicas:
- Aplicar atividades do dia a dia, como coisas que envolvem dinheiro, construção e reforma de casa;
- Quando os estudantes informarem que resolveram um exercício de maneira diferente, pedir para que eles levantem e expliquem no quadro do jeito deles.
Envolver o cotidiano de cada um, junto de metodologias ativas, como uma sala de aula invertida, é uma ótima maneira de trabalhar o desenvolvimento da mentalidade matemática.
Errar é normal!
A matemática é uma ciência exata, então, existe a resposta correta e incorreta. Entretanto, o aluno não pode se sentir intimidado por essas questões. Transforme a sala de aula em um ambiente que acolha o erro de um jeito mais leve, afinal, ele faz parte do processo. É errando que se aprende.
“O mais importante para o professor é não subestimar o seu aluno, e sim criar caminhos possíveis para que ele consiga chegar por conta própria em suas respostas.” – Julia Jaccoud, professora de matemática.
Os erros são uma porta muito eficaz para a construção de uma mentalidade de crescimento. Os estudantes precisam entender que, ao errar, eles podem tentar novamente até chegar a um resultado esperado, sem travas e sem desistências.
Trabalhe com metodologias ativas
Existem diversos formatos que atendem às características de uma metodologia ativa, como a aprendizagem para o domínio, conforme falado anteriormente. Além dela, temos deveres de casa, apresentação de trabalhos, uso de plataformas de educação online e a gamificação – um método inovador que vem ganhando grande espaço no ensino básico.
Na plataforma digital da Khan Academy, você pode encontrar tudo isso em um único lugar, gratuitamente! Um de nossos focos é o protagonismo estudantil através de exercícios práticos e aulas online que podem ser vistas a qualquer momento e de qualquer lugar, com materiais de qualidade alinhados à BNCC.
Atualize-se sobre a mentalidade matemática
O livro de Jo Boaler, “Mentalidades matemáticas”, traz o que todos os professores de matemática procuram. Além de atividades práticas e exemplos eficazes para serem aplicados em sala de aula, ela apresenta toda uma pesquisa científica sobre como o nosso cérebro funciona frente ao tema.
Você pode ler uma parte das pesquisas e dicas no site do Google Books, aqui. Aprenda a estimular o potencial dos estudantes por meio da matemática criativa e de ensinos inovadores.
A plataforma digital da Khan Academy, inclusive, pode ser uma aliada muito forte no trabalho com o protagonismo estudantil!
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